Já era de se esperar que o governo Trudeau, eleito no ano passado, trouxesse consigo um dos maiores fluxos de imigrantes na história moderna do Canadá a partir de 2016. Pois bem, de acordo com a Statistics Canada, o país recebeu 321.000 imigrantes entre 2015 e 2016, o maior número de recém-chegados em um único ano desde 1910. No entanto, esse crescimento ainda não é suficiente para suprir a demanda canadense de mão de obra.
Obviamente, quanto mais imigrantes, mais pessoas para trabalhar, para comprar casas, para estimular a economia do país. Foi com base nessa ideia que o ministro de Imigração do Canadá John McCallum apresentou sua proposta para aumento do nível de imigração. “O Canadá é um país em envelhecimento, por isso estamos precisando de sangue novo”, disse ele recentemente. “Os canadenses não estão tendo filhos suficientes e por isso o crescimento da mão de obra depende muito da entrada de imigrantes.”
O problema é o seguinte: Apesar do maior número de imigrantes recém-chegados no último ano, sua contribuição para a população do Canadá ainda é pequena em comparação com o déficit na população em idade ativa deixado pelos “Baby Boomers” aposentados (pessoas nascidas entre 1945 e 1964, no pós guerra).
Quão pequena? O déficit na população em idade jovem e ativa, entre 20 e 50 anos, é de cerca de 2,2 milhões de pessoas. Em outras palavras, esse é o número de pessoas em falta na economia do Canadá desde que o crescimento da população diminuiu após o período pós guerra.
Se cada imigrante que o Canadá trouxesse estivesse na faixa de 20 a 50 anos de idade, e se o país fosse capaz de manter o nível de imigração deste ano, seriam necessários cerca de sete anos para compensar o déficit. Mas, claro, nem todos os imigrantes estão nessa faixa etária.
Isso não quer dizer que os imigrantes não possam atenuar os efeitos do envelhecimento da população do Canadá. A capacidade que este país tem de absorver pessoas de diversas culturas é uma vantagem da qual, notavelmente, poucas outras nações desfrutam.
Na situação atual, os imigrantes já são importantíssimos na geração de mão de obra do Canadá. Em Toronto, por exemplo, os imigrantes representam cerca de 51% da mão de obra da cidade. Esse número é um pouco menor em Vancouver (41%) e menor ainda em Montreal (26%), mas todas as três cidades apresentaram um crescimento na mão de obra de imigrantes ao longo dos últimos anos.
No entanto, também existe um outro problema. Os novos imigrantes não têm se dado muito bem no mercado de trabalho canadense. A taxa de desemprego entre os imigrantes que chegaram ao Canadá nos últimos cinco anos foi em média duas vezes maior do que a dos trabalhadores nascidos aqui durante a última década. Aqueles que vieram entre cinco e dez anos atrás estão em uma situação um pouco melhor, e a taxa de desemprego deles é de cerca de apenas 1,5 vezes maior. Somente entre os imigrantes que viveram no país por mais de uma década, que o déficit com os trabalhadores canadenses é anulado. Isso mostra que, mesmo se o Canadá aumentasse o número de aceitação de novos imigrantes, o desempenho deles no mercado de trabalho certamente ainda atrasaria alguns anos.
Apesar de toda a divulgação em torno do mais recente número de novos imigrantes, ele constitui apenas 0.8% da população do Canadá, e 0.1% a mais do que a média dos últimos 20 anos.
Fonte: Macleans
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